sexta-feira, 1 de novembro de 2013

As dicotomias de Ferdinand de Saussure

Ferdinad de Saussure, linguista suíço, em seus estudos considerava que a língua deveria ser o objeto de estudo de uma ciência e para tanto, estabeleceu quatro pares de conceitos como base, as dicotomias Saussureanas.
Mas o que são dicotomias? 
Segundo o dicionário Priberam*:
di·co·to·mi·a 
(grego dikhotomía, divisão em dois)
substantivo feminino
1. Divisão em dois; oposição entre duas coisas.
2. Partilha ilícita de honorários entre médicos.
3. [Astronomia]  Fase da Lua, ou de outro planeta ou satélite, quando é visível com uma metade iluminada.
4. [Botânica]  Modo de divisão de certas hastes em ramos bifurcados.
5. [Lógica]  Divisão de um conceito em dois outros que abrangem toda a sua extensão.

*"dicotomia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/dicotomia [consultado em 01-11-2013].


Sintagma e Paradigma 

São dois eixos necessários para a construção da linguagem.
O sintagma (eixo horizontal - combinação) pode ser entendido dentro da linearidade da língua, uma vez que as palavras possuem regras para combinarem-se entre si, assim cada signo só pode ser pronunciado em um tempo e nunca simultaneamente, ou seja, trata de como as palavas são combinadas de uma maneira que possua sentido dentro da situação enunciativa.
O paradigma (eixo vertical - seleção) é um conjunto de signos que se inter-relacionam e agrupam-se dentro da memória. Não possuem uma ordem única ou imutável como os sintagmas, e depende das escolhas de cada um, sendo que cada sintagma é substituível por outro com um mesmo sentido dentro de uma oração.

Sincronia e Diacronia

A mais importante das dicotomias, com palavras originadas do grego, em que o prefixo 'syn" significa "justamente" e o prefixo 'dia' significa "através" e que apresentam o radical comum 'chrónos' que significa “tempo”.
Então a sincronia é o estudo da língua de forma estática, sem considerar os fatores que a fizeram chegar a forma atual, mas apenas com fatos que existem no
momento dentro do sistema linguístico.
Já a diacronia analisa a evolução de um elemento linguístico durante diversos momentos no tempo, comparando-o e levando-o a um processo histórico-social.

Significante e Significado

Cada signo linguístico constitui-se de significado e significante, onde o significante é a imagem acústica ou a forma da palavra e o significado é o conceito da palavra, ou o conteúdo que ela carrega.

Língua e Fala

A língua (langue) é um conjunto de  regras sobre o funcionamento das relações sintáticas, do uso das formas e sons, essenciais para que os significados existam. 
A fala (parole) é parte da língua posta em prática em uma determinada situação comunicativa por um indivíduo. Ou seja, a fala só pode existir em função da língua.

Adequação e Inadequação linguísticas

Houve um tempo em que aprendíamos na escola que havia uma maneira certa e uma maneira errada de utilizar a língua portuguesa.
Assim, tudo que a norma culta compreendia era o certo e o que não seguisse o padrão culto era errado e deveria ser evitado.
Com o avanço dos estudos na área de linguística, os conceitos de "certo" e "errado" deram lugar aos conceitos "adequado" e "inadequado".
Essa mudança tem como principal característica a visão de uma língua viva e adaptável as situações de uso e não uma língua engessada pelos manuais e nada prática.
Dentro de uma situação de comunicação há vários fatores que interferem diretamente na maneira em que o diálogo é construído, tais como o grau de formalidade de um assunto, o nível de relacionamento entre os interlocutores, a bagagem cultural que cada participante do discurso traz consigo, o ambiente em que ocorre a situação comunicativa, a intenção comunicativa pretendida, entre outros.
Então, podemos afirmar que em uma conversa entre amigos em uma lanchonete, por exemplo, o uso de uma linguagem coloquial e de gírias é completamente adequado, dado o grau de informalidade da situação, a intimidade construída pela amizade e a descontração do ambiente.
Já em uma conversa entre funcionário e patrão em um ambiente corporativo o mais adequado é uso de uma linguagem formal, dada a formalidade do local, a relação de subordinação entre os falantes e o tema do assunto.
Como exemplos de inadequação podemos citar alguém que ao escrever um bilhete para a mãe pedindo que lhe compre um leite, redija a seguinte frase: " Cara progenitora, gostaria de lhe solicitar que por obséquio trouxesse-me o produto final da ordenha de um mamífero ruminante, conhecido como vaca", ao invés de simplesmente dizer: "Mãe, por favor, compre leite". 
Estas e outras explicações sobre Adequação e Inadequação da língua, podem ser encontradas nos livros de Introdução à Linguística da editora Contexto que foi escrito sob a organização de José Fiorin.

Obs: Este texto é somente uma breve resumo sobre o tema.



quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Estruturalismo Linguístico - Parte 2

Pode-se dizer que as teorias estruturalistas representam o grande marco para o
desenvolvimento das pesquisas da linguística moderna. Foram de grande importância as
teorias dos linguísticos pertencentes a este movimento; tanto os europeus quantos os
americanos. Porém não podemos deixar de citar o nome do suíço Ferdinand de
Saussure, cujas teorias deram o “ponta-pé” inicial para o desenvolvimento da ciência da
linguagem, pois foi justamente partindo dessas teorias que os linguistas puderam ampliar
os conhecimentos, bem como acrescentar novas concepções.
O termo estruturalismo em linguística serve para designar uma corrente de
pensamento do inicio do século XX, fundamentada na afirmação de Ferdinand de
Saussure de que “a língua não é um conglomerado de elementos heterogêneos; é um
sistema articulado, onde tudo está ligado, onde tudo é solidário e onde cada elemento
tira seu valor de sua posição estrutural”
Para fundamentar suas afirmações, Saussure estabeleceu uma série de
definições e distinções sobre a natureza na linguagem, que se podem resumir
1. A diferenciação ente langue (língua), é a parte social da linguagem, externa ao
indivíduo, que não pode nem criá-la nem modificá-la, e a parole (fala), é o momento
individual, no sentido da realidade psicofisiológico do ato linguístico particular.
         2. A consideração do signo linguístico. Saussure afirma que “a língua é
conhecida como um sistema de Signos”. Que faz a ligação entre o significante (imagem
acústica) e um significado (conceito), cuja relação arbitrária se defini em termos
paradigmáticos (imagens de outros elementos na memória) ou sintagmáticos (todos
elementos da língua se relacionam com outro, formando cadeias de enunciados).
        3. A distinção entre o estudo sincrônico da língua, ou seja, a descrição do estado
estrutural da língua em um dado momento, e o estudo diacrônico, descrição da evolução
histórica da língua, que leva em conta os diferentes estágios sincrônicos. Saussure
considerou prioritário os estudos sincrônicos, que permite revelar a estrutura essencial
da linguagem: "A língua é um sistema em que todas as partes podem e devem ser
consideradas em sua solidariedade sincrônica "


Observamos também, por um lado, que a nova gramática gerativo-
transformacional representou um movimento em oposição ao então predominante
estruturalismo, mas por outro lado ambos se opõe radicalmente à rigidez da linguística
prescritiva Linguística essa, que dá a noção de certo ou errado. Aquilo que não estiver
de acordo com as normas, com as regras gramaticais, é classificado como errado. Esta
teoria predomina desse meado do século XVIII até o início desde século, e é ainda
encontrada no currículo de muitas escolas hoje.


Estruturalismo Linguístico - Parte 1

Estruturalismo tem como início o lançamento do “Curso de Linguística Geral”, de Ferdinand de Saussure, em Genebra, na França. Uma publicação póstuma, feita por dois de seus alunos, cujo conteúdo é constituído por anotações feitas durante as aulas.
Não havia Linguística antes de Saussure, e sim “estudos sobre a linguagem”. Com o intuito de elevar a Linguística à categoria de ciência, e influenciado pela corrente positivista, para a qual uma ciência somente o seria a partir do momento que apresentasse o objeto e o método de estudo, Saussure passa a dedicar seus esforços à delimitação do campo, à definição do objeto e à elaboração de um método, através do qual desenvolver-se-iam os estudos linguísticos.
O fenômeno linguístico apresenta sempre duas faces que se correspondem, sendo que uma não vale senão pela outra. É a noção de dicotomia, difundida por Saussure em seus postulados e perpetuada nos sistemas linguísticos, a qual se refere, portanto, a dois elementos que possuem características opostas, mas que ao mesmo tempo mantêm uma relação de interdependência.
Em contraposição aos estudos anteriores, Saussure afirma que a matéria da linguística é constituída por todas as manifestações da linguagem, considerando-se em cada período não só a linguagem correta ou a “bela linguagem”, mas todas as formas de expressão.
Saussure relaciona os seguintes objetivos

1. Determinar a natureza do objeto de estudo e o que o linguista faz;
          2. Estabelecer os universais linguísticos;
          3. Determinar os mecanismos da língua a partir dos valores adquiridos pelo sistema;
          4.  Clarificar conceitos e criar um método de estudo.
As teorias de Saussure se desenvolveram a partir de dicotomias, e a primeira delas, 
Língua X Fala, foi utilizada para determinar o objeto de estudo da Linguística. 
Segundo Saussure, a fala ainda apresenta outras características que a opõe à língua: é heterogênea, assistemática e inovadora, representando a individualidade de cada falante.
Para Saussure há duas formas de se observar a língua: em sua época (sincronia) e através do tempo (diacronia). 
A terceira dicotomia diz respeito ao signo, elemento constituinte das línguas, e que apresenta duas faces em sua definição. Para Saussure o signo é a junção do significante com o significado, ou seja, é a união da imagem acústica com o conceito.
Por fim, para se chegar aos valores imutáveis do sistema, é preciso observar o seu funcionamento nos dois eixos da linguagem: o eixo associativo (paradigmático) e o eixo sintagmático.
Através dos postulados de Saussure a língua passa a ser passível de formalização, o primeiro passo para a constituição da Linguística com sistema. Suas concepções foram as bases do Estruturalismo Europeu, e mais tarde, fizeram a Linguística ser denominada Estrutural.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Metamorfose

Lá estava ela deslizando em seu jardim, o seu reduto, o único lugar em que sentia paz para pensar em tudo aquilo que a atormentava. Tinha tanta coisa em sua mente que parecia estar sufocando em seus pensamentos.

Desde muito tempo se convenceu de que era completamente inútil, insignificante, sem predicados e que morreria assim. Sua vida estava fadada a arrastar-se, vagando para qualquer lugar, carregando o peso de seu corpo.

Nunca alguém havia a elogiado. Nela não havia beleza. Não recebia carinho ou atenção, ao contrário, sempre que alguém notava sua existência reagia mostrando asco e se afastava.

Não conseguia entender todos a tratavam dessa maneira. No começo achou que era injustiçada, mas ao perceber que ninguém esboçava outra reação e que não podia fazê-los mudar de opinião, resolveu que essa era sua verdade. Teria que aceitar que se esse era o tratamento que tinha, era porque o merecia.

Mesmo sendo independente, pois desde pequena conseguia sustentar-se sozinha, podendo viver onde queria e tendo a chance de ter e fazer suas escolhas, o julgo que lhe impunham era pesado demais, tanto que esmagou seus desejos.

Sentia-se tão miserável, que mesmo tão pequena, era como se carregasse o peso de todas as dores do mundo em cima dela. Subiu em uma árvore para repousar, ali era calmo e solitário. Não poda ir além e fechou seus olhos.

De repente sentiu que começava a perder o controle de si. Sentia uma força avassaladora dominando-a. Sem saber como já não era mais senhora das suas vontades e de seu próprio corpo. Parou de resistir. E isso não era ruim. Na verdade era muito bom e ela gostou.

Aquela era, depois de não se sabe sequer quanto tempo, a primeira vez que a pressão do mundo exterior e a opinião das outras pessoas não importavam mais. Agora se sentia desnudada de rótulos.

À medida que o torpor aumentava começou a perceber que uma mudança operava-se dentro e fora dela. Começou a perder sua consciência. A partir daquele ponto sabia que sua vida nunca mais poderia ser igual. Fechou os olhos e abraçou seu destino silenciosamente. Acabou.

...

Quando conseguiu recobrar sua consciência lutou para escapar de sua prisão e conseguiu fugir. Agora era livre, mas já não era ela mesma, sua metamorfose estava completa.

Finalmente compreendeu que todos os acontecimentos a levaram aquele momento, que precisa traçar o caminho do sofrimento, pois ele a conduziu ao amadurecimento.

E só assim pode se transformar de uma lagarta presa em seu casulo, em uma linda borboleta.


Por Rafaela santiago Malaquias

terça-feira, 4 de junho de 2013

Linguística Textual APS

Esse texto a seguir tem como objetivo apresentar a origem e o objeto de análise da Linguística Textual, seu desenvolvimento histórico, e apresentar seus elementos de estudo, como a Coesão e Coerência e do texto em si.

A Linguística Textual é o ramo da ciência Linguística que estuda o texto em si. Ela passou ao longo dos tempos por três fases importantes, que foram ampliando os seus elementos de estudo.
O estudo do texto surgiu nos anos 60, quando pesquisadores europeus, entre eles o alemão Harald Weinrich (por quem o estudo foi empregado pela primeira vez), sentiram falta de um estudo que compreendesse a frase para além dela mesma, já que até aquele momento, a Linguística era pautada somente no estudo da PALAVRA, da FRASE e do PERÍODO.
A partir do estudo para além da frase e do texto, vemos que o texto não é somente formado por uma sequencia de frases, ele se constitui de um conjunto de relações entre os componentes nele presentes.
Na sua primeira fase, em meados dos anos 60, a Linguística Textual focava seus estudos nas ligações entre os elementos do texto, como o uso de pronomes pessoais para fazer remissão a algo já dito, por exemplo.
Nos anos 70, ela entra em sua segunda fase, passando a analisar o texto como uma unidade de comunicação. Falamos e escrevemos por meio de frases, e precisamos para isto, levar em consideração quem é a pessoa com quem falamos, a situação em que nos encontramos, o assunto tratado no momento, entre outros.
O contexto da situação interfere no modo como interagimos e usamos a linguagem com as outras pessoas.
O texto falado tem um emissor e um receptor, que trocam falas, e que tem geralmente a presença do texto produzido por ambos, com ressalvas do que estão conversando, explicações, opiniões variadas, acompanhadas por gestos, expressões faciais, e muitas outras interações.
A Análise Linguística, que estuda a estrutura da fala, tem como principais características também as repetições, as interrupções, as falas simultâneas, a sobreposição de vozes, entre outros.
No texto escrito, o leitor não tem contato com o escritor, com isso, não há a participação conjunta na produção do texto, como acontece numa conversa.
O estudo do texto também está relacionado, e deve levar em conta várias características dos interlocutores, como por exemplo, a relação entre as pessoas a que a fala/texto se refere, o grau de conhecimento, a posição social, entre outros.
Na década de 80, a Linguística Textual voltou sua atenção aos conhecimentos em que as pessoas tem para elaborar um texto. Com isso, vemos que para elaborar um texto, nosso meio e cultura tem uma importância fundamental, e que esses conhecimentos que trazemos conosco, nos ajuda a ter uma competência comunicativa melhor compreendida.
Os textos são compostos por costuras, que facilitam seu entendimento, e que são chamados de elementos coesivos.
Costumou-se definir coesão como a forma com que os elementos linguísticos presentes no texto se interligam, de modo a formar um tecido, uma unidade de nível superior à da frase, que se dividem em cinco formas, que são: a referência, a substituição, a elipse, a conjunção e a coesão lexical.
Essas formas se dividem em dois grupos. No primeiro grupo estão presentes a REFERÊNCIA, a SUBSTITUIÇÃO, a ELIPSE, e uma parcela da COESÃO LEXICAL. E no segundo grupo, a outra parcela de COESÃO LEXICAL, bem como a CONJUNÇÃO.
Os elementos coesivos colaboram para fixar relações de sentido entre os componentes do texto, isto se deve também porque o sentido do texto fundamenta-se por outros fatores, além dos coesivos, a partir do qual se constitui a coerência textual.
A coerência textual diz respeito a construção do sentido do texto. Exige um domínio linguístico, pragmático e extralinguístico de quem escreve o texto.

Por fim, a Linguística Textual é uma ciência que pretende por si só, estudar a estrutura da frase e do texto, através de vários elementos linguísticos, buscando através desse estudo elementos de coesão, de coerência, e o sentido geral por trás e para além do texto, que é constituído pelos elementos culturais de quem escreve e também de quem lê, e que com isso ultrapassa os limites do texto, o transformando não em um simples texto, mas em um objeto de estudo que vai além do que está exposto em suas linhas escritas.




BIBLIOGRAFIA:
  • Koch, Ingedore G. Villaça. Introdução a Linguística Textual. São Paulo 2009. Martins Fontes.
  • Bentes, Anna Cristina. Introdução à Linguística - Domínios e Fronteiras Vol. 2. Cortez Editora.

Escolha do Nome Nem Uma Nem Outra

Olá pessoal.
Criamos esse blog (eu e algumas amigas)  para publicar nossos trabalhos da faculdade, e também alguns textos próprios.

A escolha do nome foi feita por mim (Roberta). O nome é o título de um conto do Machado de Assis (um dos nossos autores favoritos) que eu gostei muito e achei legal porque se encaixaria no blog, já que ele será escrito por mais de uma mulher.

Abaixo vai o link do texto Nem Uma Nem Outra do Machado de Assis.

http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/contos/macn045.pdf

Abraços.

Roberta Melo